Encontro com um energúmeno (parte II)

Continuação da história encontro com um energúmeno, ô estorvo!

(...)

Instantes depois, talvez vendo o fracasso da sua tentativa de bater um papo comigo, indaga oportunamente, em princípio...
- Ei, cara! Você gosta de música?
O que ele estava querendo? Onde ele pensava que estava? Numa sala de bate-papo UOL? Se fosse, poderia apostar que a próxima pergunta dele seria: "Como você é?"

Eu ainda de pé observava vagas em assentos bem distantes para ajudar-me a cortar essa corda que eu dei pro cara. Nada. Nada. Nada... Opa! Esvaziou. Um assento ficou vazio. Duas cadeiras atrás do mongol. Não era distante como eu queria, mas sentado em outro lugar eu dava um jeito de ignorá-lo. A essa altura eu pensei: ora, o que há de absurdo ou abuso em querer ter uma viagem de ônibus tranqüila?

Sentei-me, do lado tinha um cara, ocupando, é claro, a cadeira do corredor forçando-me a passar apertado entre suas pernas e o encosto da cadeira da frente. O absolutamente inacreditáve aconteceu logo que eu sentei, o cara foi levantando assim e perguntando:
- Quer que ele sente aqui? - disse referindo-se ao energúmeno, infelizmente, colega meu. Ele bem deve ter visto nós conversando. Pois então, bastou o cara levantar, num pulo o rapaz desagradável estava sentando-se ao meu lado!

Não acreditei no que estava acontecendo. Parecia algum tipo de brincadeira programada.
Foram mais alguns intermináveis minutos dentro do ônibus com um sentimento misto de fúria e arrependimento contido em meu peito.

(...)